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an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

Sem pó até ao horizonte

13.07.09

 Às vezes a vida acontece; outras, parece que está tudo na mesma. No entanto, nada disto é assim. É só a percepção das coisas que passam por mim. Sou eu que faço essa diferença: por momentos consigo sentir a vida a passar e noutras alturas parece que nada me afecta.

Quando fico incapaz de sentir aquelas coisas insignificantes que são parte fundamental de mim, quando acho que a vida só pode ser feita de grandes espectáculos, grandes acontecimentos, estrelas e foguetes, quando me esqueço de que sou pequenina e que o que mais me preenche são coisas tão breves e tão importantes como um olhar, uma palavra, um sorriso, um nascer do dia, um acordar… então as coisas não fazem sentido,  a vida não acontece e eu desapareço na poeira do caminho.

Só quando tenho calma é que não levanto pó. Então consigo ver o caminho, consigo vislumbrar o horizonte, levantar o olhar e ver o céu.

Quando sinto que nada acontece é porque deixei de conseguir ver, fiquei cega por um sem número de pequenos factos, acontecimentos, eventos; acabei por ficar incapaz de sentir e vivenciar a doçura que é estar aqui, de experimentar o entusiasmo desta aventura que é o não saber o que me vai trazer o dia de logo à tarde, deixou de ser possível para mim escutar os outros e de facto aceitá-los sem julgamento.

Hoje não levanto pó.

Hoje a vida espraia-se até ao horizonte.