Areia do deserto
Por acaso nunca fui ao deserto. Mas as paisagens áridas e longas confrangem-me. Gosto de árvores, arbustos, montes e montanhas, verdes e riachos, casas e casinhas, curvas da estrada, pássaros e passarinhos ...
Esta semana ficou marcada por um sem número de horas, sentada, definhando, dentro de uma sala com uma janela grande, tapada, impedindo a entrada de luz e ar, sempre iluminada por fluorescentes, oxigenada por canos e tubos que trazem o ar sei lá donde, com um écran à frente do nariz, um teclado e um chamado rato, olhando zombie para uma realidade de que afinal não preciso nem vou precisar...
Senti-me tratada como uma máquina, uma peça de uma engrenagem que não se sabe muito bem se faz falta e então é melhor deixar lá estar. Mas quem assim decidiu não está a ver bem todo o sistema. É que esta pecinha tem outras utilidades, potencialidades e propósitos para além de permitir que se cumpra um qualquer negócio, pensado como necessário e importante mas que se verificou que afinal não é nem uma coisa nem outra.
Às vezes ignoramos que podemos sair a meio do caminho e deixamo-nos adormecer no banco, embalados pelo ram-ram, só porque é mais fácil assim.
Semanas assim matam-me por dentro. Ontem, quando cheguei a casa, ia tão cansada...