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an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

Limites ...

22.11.23

Os limites deste papel onde escrevo estas linhas, estas palavras...

Os limites do meu espaço, da minha casa,

Da minha rua, do meu bairro, da minha cidade ...

Os limites do meu pequeno País, do meu mundo,

Deste pequenino planeta perdido na vastidão da galáxia.

 

Os limites exteriores...

A pele que delimita o meu corpo

O meu olhar que abrange até à curva do horizonte

Os meus pés que me levam até se cansarem

Depois...

Os limites das minhas capacidades,

Do meu entendimento...

 

Porém

Ao mergulhar dentro de mim

Descubro

O espaço sem espaço e o tempo sem tempo

A imaginação e a criação

O desejo e o anseio

A imagem e a coragem

Que me levam mais além

Rumo ao imenso campo das possibilidades infinitas.

 

Grito ao mundo a minha essência!

 

Afasto as cortinas que me impedem o olhar,

As paredes que me contêm presa

As dificuldades que me tolhem os movimentos

Os preconceitos que me impedem o sonho

Determinada, afasto, afasto isso tudo

E dirijo-me ao impossível agora feito possível.

 

Um sonho

14.11.23

O relógio não pára.

Eu, na pressa de chegar, na pressa de fazer, na pressa de tratar. Inconsciente de cansaços, de dores, de mim. Eu, sorridente, carinhosa, disponível.

O relógio não pára.

Não pára também a minha ânsia de estar, de agradar, de ser, de pertencer. Eu a mostrar, a provar que sou, que estou, que faço, que sei, que posso, que tenho valor. Eu a exceder-me. Sempre com a sensação de insuficiente.

Um dia, o limite de mim explodiu. Já não podia conter-se no espaço exíguo do meu ser.

O relógio parou.

Eu incrédula, desajeitada, fora de pé. Chegou a família, chegaram os amigos e os colegas de trabalho. O que tens? Como te sentes? Estás melhor? Eu, aturdida.

Aos poucos, foi possível sair da vertigem em direcção ao mais natural. A tontura e a névoa começaram a dissipar-se. Entrevi que talvez houvesse, poderia haver, outra forma, outra vida. Poderá ser? Eu na dúvida: Será um sonho?

Abandonei-me a outro ritmo, larguei a pressa e a aprovação dos outros. O relógio parado obrigou-me a estar comigo, tempo de me sentir, de me aprender. 

Lentamente, o relógio recomeçou a trabalhar, no ritmo do tempo sem pressa, sem ânsia, no tempo que é suficiente.

Acordei então para o compasso do bater do meu coração. Não era sonho, na verdade. Era antes, possibilidade.

Eu calma, eu tranquila, eu recomeço.

Afinal eu inteira, a sentir-me, eu mestra de mim própria.

Eu suficiente. Eu natureza. Eu maravilha.