Parar é continuar
Silêncio....
Nem um som, nem um movimento, tudo quieto.
Sombra, penumbra, raios de luz ao longe.
Sentada, costas direitas, olhos fechados.
Nada circula, nada anda, nada se desloca.
Não há ondas, não há vento, não há nada.
Vazio!
Quietude!
No entanto, dentro de mim a azáfama continua.
Sinto o coração bater suavemente no meu peito,
O meu umbigo deslocando-se muito devagarinho para dentro e para fora.
Os pulmões atiram ar cá para fora e as narinas fornecem novo carregamento de oxigénio.
Fluidos levam energia a cada pequena célula do meu organismo.
Dentro de mim toda uma máquina funciona sem parar,
Sem que eu tenha que intervir ou mandar, controlar ou pressionar.
No meu cérebro as ideias teimam em não parar,
os pensamentos continuam o seu ritmo.
Cadeias eléctricas percorrem incessantemente todos esses tecidos.
Concentro-me.
Centro a minha atenção no umbigo que sobe e desce muito subtilmente.
À minha volta, nada.
Passado um bom bocado, desperto para a vida.
Descansada, revigorada, renascida.
De um instante para o outro, tudo se altera.
Fora de mim, toda uma azáfama, um turbilhão, um frenesim.
Dentro de mim, nada.
Assim é a vida, assim os ritmos, a natureza,
O dia e a noite, o som e o silêncio, a azáfama e a quietude.
Duas faces de uma mesma realidade.
Importantes, imprescindíveis, incontornáveis.