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an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

Amizade

23.06.09

A amizade é algo realmente importante a que por vezes não se dá muita importância. As relações surgem naturalmente, muitas vezes nem são escolhidas, simplesmente acontecem. Por factores externos, coincidências, sei lá ... Estar no mesmo sítio, ter o mesmo hobby, algo em comum... E isso, em simultâneo com empatia e valores similares, cria uma aproximação a que chamamos amizade. A coisa flui; se estamos bem com a pessoa temos vontade de conviver mais, de a convidar para nossa casa, de combinar saídas, cinema, passeios, etc. Muitas vezes tudo isto acontece de uma forma muito inconsciente, muito fluida e natural. Não há propriamente uma escolha, há situações que fazem sentido e que se vão sucedendo.

E depois? Quando as situações permitem que haja uma intimidade maior, quando se começa a fazer confidências, quando se começa realmente a partilhar a vida e o que nos vai na alma? Aí realmente a coisa muda. Começa a existir uma responsabilidade que anteriormente não existia. É preciso estarmos atentos, tomar consciência e saber o que fazer com essa responsabilidade. Com o passar do tempo e das confidências, passamos a companheiros de jornada em que cada um se apoia no outro.  Conta com ele para o seu equilíbrio emocional, para poder falar de todas as coisas que não fala com outras pessoas, é um espaço de verdade e de partilha tão íntima e profunda que passa a constituir um espaço sagrado. Um espaço que é preciso respeitar e cuidar dele porque é precioso. 

Difícil é conseguir manter este espaço. Por inabilidade, por falta de atenção, por ser mais fácil vermos só o nosso lado, por ser difícil continuar apesar das diferenças que, mais tarde ou mais cedo, vão surgir.

É então que é preciso escolher,  que é preciso perceber dentro do coração o que faz sentido: continuar e aprender com essas diferenças ou se, por uma qualquer razão, um valor foi desprezado, uma divergência demasiado grande se manifestou, um limite sagrado esteve em risco de ser violadoe e não é possível continuar a trilhar o mesmo caminho.

É preciso perceberr. Ter e sentir a liberdade da escolha. Respeitar o coração quando diz que sim e quando diz que não. Ter a coragem de seguir a sua indicação. 

Por vezes o caminho é difícil, por vezes a orientação que recebemos não é a que desejávamos. Mas é preciso, acima de tudo, respeitar a nossa sabedoria, dignificar o nosso interior, acreditar e confiar nessa pequena voz, dar-lhe espaço e ouvi-la. É simplesmente a nossa integridade que está em causa e dela depende a nossa auto-estima, base do nosso valor e do nosso bem-estar.

Não é preciso justificar, dizer mal, fazer por ser superior. A questão não tem a ver com o outro. A questão tem mesmo a ver connosco. É o nosso Eu que está em causa. Dói mas esta dor também vai passar.

O que faço?

17.06.09

O que faço?

Quando a dor vem ter comigo, quando no meu ombro caem as lágrimas de uma dor profunda, de uma revolta contra uma injustiça, quando os soluços me dizem que não é possível aceitar, que as coisas são incompreensíveis, que nada se percebe do que acontece...

O que faço?

Quando me confidenciam partes de vida que batem, amachucam, desmoralizam, abatem, quando dentro do peito existe um clamor por vingança, por ódio, por amor...

O que faço?

Quando nada posso mudar, quando não posso resolver esses problemas demasiado grandes e impossíveis para mim, quando não sei mesmo como se poderiam resolver...

O que faço?

?

Sou ombro, sou abraço, sou carinho e amparo.

Sou sorriso, sou esperança, sou coragem, sou presença.

Sou atenção, sou compreensão, sou calma.

Sou...

E isso faz toda a diferença!

Vazios, doces vazios

16.06.09

 Às vezes é preciso simplesmente deixar que as coisas aconteçam ou que naturalmente não aconteçam... Deixar que a vida se manifeste, deixar de pensar e desejar, deixar de puxar e de controlar, deixar de forçar... Deixar que aquilo que está à espera possa surgir, deixar que a energia se renove, deixar....

Às vezes é preciso viver com calma o leve findar de um capítulo... Sem pressas, sem medos, deixar que o silêncio possa invadir o espaço, deixar que o vazio se possa instalar. Sentir essa pausa, sentir esses instantes de mudança a lembrarem transições, todas as transições. Deixar o crepúsculo ficar mais um pouco, deixar esse hiato entre o expirar e o inspirar, não apressar a mudança das estações, não querer encher, dar tempo ao acordar, não querer saltar logo da cama para iniciar a actividade seguinte. 

Porque no tempo de recolhimento há coisas que acontecem, há mudanças subtis que são possíveis, há um despertar vagaroso mas certo e seguro que se desenvolve. No tempo de intervalo, nesse tempo em que parece que nada acontece, há uma miríade de centelhas de energia que rodam e rodopiam, hipóteses de novos caminhos e novas oportunidades. 

Neste tempo de intervalo há que descansar e aproveitar, despertando os sentidos e a sensibilidade para esses sinais e indicações que estão no caminho.

Só no silêncio e na quietude é possível vivenciar o que existe mais profundamente, o que é mais interior, mais subtil, mais precioso.

Às vezes é preciso perceber que o vazio, podendo ser sentido como desconfortável, tem em si o poder de se transformar e de transformar a vida e a consciência, tem em si o poder de possibilitar a germinação, o desenvolvimento, a criação, o despontar, ...

Às vezes é preciso não fugir, não querer a todo o custo que esse vazio desapareça, é preciso perceber que ele tem também um lado muito doce e de uma força incrível que só mesmo parando é que se pode vivenciar. 

Mil caminhos

05.06.09

 Há tanto tempo que não escrevo que agora já ninguém vem ler o que aparece... porque já toda a gente desesperou que eu voltasse aqui!

De facto têm sido tempos conturbados, difíceis, em que me tenho empenhado em contrariar o desânimo que andava a rondar demasiado a minha alma.

Houve um dia em que só sentia que me doía a alma. Era isso mesmo que quiz escrever mas achei que eria uma coisa tão demprimente que mais valia que falasse dela com outras pessoas em vez de a vir aqui perpetuá-la para o infinito. 

Continua a haver algumas situações de que não gosto... Não é um não gosto levezinho e passageiro; é um não gosto, a bold e sublinhado. Tenho alguma dificuldade em lidar com isto e em saber o que faz sentido fazer. Fico dividida entre bater da porta e virar costas e conseguir ficar, tentando com a minha atitude fazer alguma diferença. Não faço diferença nenhuma já que as coisas com que não concordo, outros concordam e vivem felizes com elas. Só me resta, portanto, seguir a minha vida e, mesmo sem bater com a porta, desviar-me. Encontrar outros que pensem como eu, com quem gosto de estar e que me ajudam a ser, em cada dia, uma pessoa cada vez mais inteira. 

Viva a vida, vivam as diferenças, vivam os mil caminhos.