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an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

Correr para o nada

21.05.09

O tempo foge-me por entre os momentos que desejei que fossem grandes e infindáveis para que lá coubesse tudo o que era preciso.

Com uma vontade imensa de participar, de colaborar, de intervir, com essa noção de tudo o que ainda falta fazer nesta vida e neste contexto, com um sentido de suposta responsabilidade, querendo resolver as questões que me aparecem à frente dos olhos e também aquelas que me aparecem um pouco mais de lado, à frente dos olhos dos meus filhos, da minha família, dos meus amigos, desejando poder contribuir para um mundo melhor, uma sociedade mais justa, melhores pessoas e relacionamentos, ansiando poder resolver ou pelo menos contribuir para solucionar os conflitos, com os olhos postos num horizonte de ordem e de harmonia completamente impossível, desgasto-me numa corrida sem fim e numa luta sem tréguas.

Páro, ofegante.

Páro, ainda e mais uma vez.

Torno a parar, para tomar consciência de que estou parada. 

Desligo os sons que me envolvem sem descanso; apago as luzes que brilham de dia e de noite para que eu não tenha hipótese de perder nem uma pequena partícula; impeço-me de ver e ler todas as letras e palavras que me espreitam em cada rua, em cada esquina, em cada transporte, em cada montra. 

Deixo-me ficar assim, no silêncio, no escuro, no vazio, no nada. Devagar, o meu ritmo vai abrandando, a minha mente vai aquietando, a inércia do frenesim vai parando devagarinho.

Subitamente, começo a perceber, a sentir, a ouvir o meu corpo, o meu eu. 

Fico comigo com essa sensação de ter chegado a casa, de tudo estar bem, de afinal já nada haver que precise de mim. 

Evidentemente que tudo está bem. É claro que sim. Sem dúvida nenhuma.

Tudo o resto foi apenas uma ilusão que passou por mim que nem um vulcão.

 

Regressos

11.05.09

 Hoje vim muito sossegadinha. O fim de semana foi cheio de gente e de conversas. Por isso, logo pela manhã soube-me bem o silêncio dos meus pensamentos digerindo uma série de imagens de sábado e domingo. É bom quando temos esses momentos para digerir o que aconteceu, quem vimos, com quem estivemos, o que se disse e o impacto que tudo isso tem dentro de nós. 

O dia cinzento, a chuva miudinha, o trânsito apesar disso não estava caótico, saí de casa a uma hora "ainda" possível.

Vinha a calma dentro de mim e estava a saber-me bem.

Mas, chegando as 8h é hora de ouvir as notícias. Tinha saído do resto do mundo durante 2 dias e nada sabia do que se tinha passado nessa esfera mais alargada. Liguei o rádio. Já passava um pouco das 8h. E... dali, daquela pequena coisa, chegou aos meus ouvidos uma tal algazarra, uma tal berraria, uma tal confusão... que eu nem estava a perceber o que se estava a passar. Eram gritos, apitos, buzinas, ... e eu não conseguia perceber sequer uma palavra. Escutei mais um pouco, bastante intrigada. O que se teria passado? De repente, percebi! Parece que o Porto ganhou ou está em vias de ganhar qualquer coisa. Desculpem a minha ignorância mas de há uns tempos para cá não tenho qualquer tipo de pachorra nem de interesse por futebol. E por isso a algazarra, por isso a manifestação, por isso a histeria.

Por isso e porque continuamos longe do nosso centro. Parece que é mais fácil assim. 

Calmamente, apaguei o rádio. 

A calma continua dentro de mim por mais uns momentos. Sei que não são muitos mas enquanto for possível quero conservá-la.