Preciso de modelos. Não me identifico com os modelos de capa de revista que me aparecem despersonalizados do seu conteúdo essencial. Os modelos de que preciso são pessoas que me levem a ser o melhor de mim mesma. Não pelo que vestem, não pela sua vida sentimental, não pela sua vida económica. Modelos, pela sua maneira de ser, pela forma como lidam com a vida, pelo que fazem por si, pelos outros, por nós todos. Modelos, pela sua integridade, pela sua educação, pela sua simpatia, pela sua gentileza. Modelos, pelo seu espírito de partilha, pela sua tolerância, pela sua visão humanitária desta sociedade em que estamos inseridos, ligados todos por uma cadeia indestrutível.
Modelos-pessoas, exemplos vivos daquilo que, em mim, há de melhor.
Sim porque tenho muitas facetas. Umas boas e outras nem por isso. E o curioso é que o mais fácil a curto prazo nem sempre é conseguido pelas minhas facetas melhores. Por vezes preciso de fazer esforço para utilizar as partes de mim mesma que são mais autênciticas, mais verdadeiras, mais íntegras. Vale sempre a pena a longo prazo. Apesar do caminho difícil e por vezes sinuoso.
O que é certo é que eu também sou modelo. Existo e sou vista por outros. Pelo simples facto de estar aqui, sou um elo nesta cadeia de interrelacionamentos. Pensar que não faz mal, que posso fazer o que me dá na real gana, que isso não tem importância... não corresponde à realidade. Cada acto meu, cada pensamento, cada atitude, cada palavra, cada ideia, tem um efeito em todos os que me rodeiam e até um efeito à distância que eu não consigo sequer medir nem conhecer.
Li um livro que falava da co-responsabilidade inevitável. De facto é isso mesmo. Não posso, porque existo aqui e agora, demitir-me dessa responsabilidade que me é inerente enquanto ser humano, pequena parte de um todo.
Então, preciso de tomar consciência dessa minha responsabilidade e perceber que aquilo que penso ou não penso, faço ou não faço, digo ou não digo, tem importância para todos os que me rodeiam. E dessa forma, tem também, numa segunda fase, um efeito de boomerang para mim também. Assim como cuspir para o ar. Depois cai em cima da minha cabeça.
Então preciso de agir com o melhor de mim mesma; preciso de afastar as formas tortuosas que consigo utilizar quando penso; preciso de me rodear do melhor que existe ao meu redor; preciso de procurar tudo aquilo que me "puxa para cima".
Preciso de ser sensível a tudo e a todos mas tenho necessidade de escolher, em cada dia da minha vida, os modelos que quero seguir, aqueles que potenciam a chama brilhante que existe dentro do meu peito.