Ideias
Uma folha em branco é um desafio. Às vezes convida, outras assusta, outras ainda parece que é uma ameaça. Habituo-me a olhar para ela como um convite. Um convite para que saia de mim, para que um pouco do meu interior possa ver a luz de outros olhares e sentires. Há alturas em que parece que nada sai, que as ideias teimam em se esconder nos recantos da mente como se estivessem envergonhadas e quisessem manter a sua privacidade. Outros momentos, são umas histéricas, ansiando mesmo por brilhar na luz da ribalta, para que toda a gente as admire e bata palmas.
As ideias formam-se e desvanecem-se ou permanecem guardadas nas gavetinhas da minha memória. Tento guardar as que me parecem melhores mas muitas fabrico que não se aproveitam. Algumas deito para o lixo com desagrado porque são belas mas demasiado loucas. Critico-as todas; nenhuma consegue escapar a este meu juízo implacável. Não sou muito carinhosa com essas minhas ideias mas também me acontece rir-me daquelas que acho mais loucas. Servem para arejar, não será?
Assim construo esse diálogo interior, de mim para comigo. Assim me vou descobrindo e conhecendo, já que estou em constante mudança.
Ideias resultado de vivências, de sonhos e fantasias, de dores e alegrias, de entusiasmos e loucuras, de sentires e de desejos. Ideias que desabrocham dentro de mim como flores na Primavera.
Ideias que às vezes partilho.