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an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

an-dando

Quando me escrevo, descrevo. Quando descrevo, estou. Quando estou, dou.

Ideias

31.03.09

Uma folha em branco é um desafio. Às vezes convida, outras assusta, outras ainda parece que é uma ameaça. Habituo-me a olhar para ela como um convite. Um convite para que saia de mim, para que um pouco do meu interior possa ver a luz de outros olhares e sentires. Há alturas em que parece que nada sai, que as ideias teimam em se esconder nos recantos da mente como se estivessem envergonhadas e quisessem manter a sua privacidade. Outros momentos, são umas histéricas, ansiando mesmo por brilhar na luz da ribalta, para que toda a gente as admire e bata palmas.

As ideias formam-se e desvanecem-se ou permanecem guardadas nas gavetinhas da minha memória. Tento guardar as que me parecem melhores mas muitas fabrico que não se aproveitam. Algumas deito para o lixo com desagrado porque são belas mas demasiado loucas. Critico-as todas; nenhuma consegue escapar a este meu juízo implacável. Não sou muito carinhosa com essas minhas ideias mas também me acontece rir-me daquelas que acho mais loucas. Servem para arejar, não será?

Assim construo esse diálogo interior, de mim para comigo. Assim me vou descobrindo e conhecendo, já que estou em constante mudança.

Ideias resultado de vivências, de sonhos e fantasias, de dores e alegrias, de entusiasmos e loucuras, de sentires e de desejos. Ideias que desabrocham dentro de mim como flores na Primavera.

Ideias que às vezes partilho.

Criatividade

23.03.09

Claro que tenho rotinas nos meus dias. Tenho um horário de trabalho que me força a isso. E tenho também, temos todos, este ciclo que é o dia: do nascer ao pôr do sol. Ciclo que se repete e que nos dá essa noção de continuidade, de segurança, de confirmação. Depois, temos também os ciclos da Lua, temos as marés, temos as estações do ano... Mas o que é fantástico nesta Natureza cíclica é: todos iguais, todos diferentes. Então cada dia é diferente de todos os outros, cada maré é única, cada estação do ano tem a sua originalidade.

Estou aqui com esta conversa toda porque estou a pensar em coisas mesmo monótonas, mesmo sempre iguais, mesmo tão iguais, tão sem novidade, tão estéreis que enjoam. Estou a pensar em alguns programas de rádio, estou a pensar nos anúncios, sempre os mesmos, trinta mil vezes ao dia, as mesmas vozes, as mesmas frases, as mesmas ideias. E nós, de carrro para o trabalho, a ouvir algo que já ouvimos, algo que já sabemos, algo que não precisamos de ouvir. Já não basta sermos tantos e termos que ir em fila, ordenadinhos uns atrás dos outros... Ligamos o rádio para nos distrairmos, para, pensamos nós, ouvir uma musiquinha e até abanar um pouquinho o capacete ou imaginar fazê-lo e ... lá vem outra vez, pela milionésima vez o chinês do carro, ou a oficina que repara a sua viatura ou.... Depois, são os mesmos concursos às mesmas horas, seguindo o mesmo ritual, sempre, sempre igual... as mesmas piadas, o mesmo trânsito.

No outro dia, perguntava eu: o que faço do meu tempo? E agora pergunto outra vez. Afinal se temos mais um dia, se nos é dada esta oportunidade de estar aqui mais um tempo, fazemos com que seja o mais igual possível ao que já passou?

Gosto de surpresas, gosto de dias diferentes, gosto de apreciar cada minúcia porque a diversidade me encanta.

Gostava que o rádio me surpreendesse, que me encantasse, que me ajudasse na fila de trânsito, que não fosse mais um "pacote" que tenho que gramar para ouvir umas notícias ou ouvir um pouco de música.

Desligo o rádio e ponho um CD. Que tambvém já ouvi mais de dez vezes.

Mar de Tranquilidade

20.03.09

Devagar, o alvoroço da Dor vai começando a repousar. Ainda não chegou a maré da Alegria, do Entusiasmo e da Força.

No meu peito há esse Mar de Tranquilidade que procuro e encontro quando me perco pelo emaranhado do que me doi. É nesse Mar que estão as Certezas, o Que Faz Sentido, o Que É Seguro. É quando navego aí que sei que tudo não passa de ilusão, de impressão, de perspectiva, de alucinação.

Continuo a dar-me colo.

Hoje é sexta-feira e amanhã vou poder semear flores no meu jardim, tirar os trevos da relva, olhar as pequeninas flores com que a laranjeira  hoje me presenteou logo de manhã. Ah... isso vai fazer-me bem à Alma!

Morte

19.03.09

As despedidas bruscas e repentinas atordoam-me sempre. Mas a morte, essa então, põe-me em estado de choque. Num momento está aqui e no momento seguinte já não está. Num momento, existe a esperança, o convencer-me que não, não é ainda o fim,. tudo há-de dar uma volta qualquer, ainda é possível... No momento seguinte, já não há nada a fazer, a dura realidade está ali para que eu a mastigue, esse vazio do tamanho do mundo que me põe zonza porque não abarco.

Deixar partir é difícil. Às vezes quero que os capítulos não acabem. Ás vezes quero que as pessoas continuem presentes fisicamente na minha vida.

Tenho que fazer um esforço para perceber que essa passagem não tem que ser um drama, que as pessoas continuam a fazer parte da minha vida, que a memória conserva essas ligações preciosas.

Há pessoas que, mesmo que fisicamente não estejam aqui, continuam presentes em mim, com quem continuo a aprender e de quem continuo a receber.

É verdade que a relação se altera. Não vejo mais o outro, não o posso abraçar nem beijar. Mas nem por isso a relação acaba.

Afinal, a morte simplesmente modifica. Será que sou capaz de entender isto?

Coragem!

17.03.09

Hoje acordei-me docemente. Com carinho, levantei o meu corpo da cama, dei-lhe banho, vesti-o e depois olhei-o no espelho. Escolhi uns brincos diferentes porque ontem perdi um dos que costumo usar. Tornei a olhar a ver como ficou. Contente com o resultado, levei-me para a cozinha, preparei-me o pequeno almoço que calmamente fui tomar, sentada na sala. Quando acabei, arrumei tudo, fiz a cama, desenhei com determinação um sorriso com os meus lábios e mentalmente preparei-me para sair de casa.

Tudo em mim gritou que não, que não fosse, que pudesse ficar nesse espaço tranquilo, sem guerras, sem esforço.

Mais uma vez, com carinho fiz-me ver que não. Hoje não dava para ficar.

Quando o entusiasmo enche o meu peito, é fácil ir,  viver o dia, transmitir alegria e força a tudo o que me rodeia. E quando não é assim? Quando sinto essa dor a teimar em não passar, quando as lágrimas, determinadas, arranjam forma de correr pela minha cara, quando nada posso fazer para mudar o rumo das coisas que me magoam?

Suavemente pego-me na mão, agarro as chaves do carro, levo-me devagarinho, dou-me um abraço, faço-me uma festa na cabeça.

Mais uma vez, desenho-me um sorriso com os meus lábios. Depois, coloco um pouco de brilho nos meus olhos, obrigo-me a olhar o sol, a sentir o cheiro da Primavera, a ouvir o chilrear dos passarinhos.

Com doçura, sussurro "Coragem!" ao meu ouvido.

Olho em frente, ligo o carro, devagarinho saio do estacionamento e parto para mais um dia.

Amizades

16.03.09

Este fim de semana estive com muitas pessoas. No sábado com família, no domingo com amigos; na verdade com dois grupos de amigos.

Fiquei a pensar nos relacionamentos, no estar com pessoas, na amizade.

Aliás foi um dos tópicos de conversas em duas ocasiões distintas, iniciadas por pessoas diferentes. Achei curioso.

Na vida de correria intensa que vivemos na grande Lisboa, onde fica o espaço para a família, para os amigos? Quando há filhos pequenos, não há hipótese... é que o tempo para eles é muito pouquinho. Mas mesmo sem filhos pequenos, onde está esse tempo necessário para o partilhar da vida, das emoções, do que sentimos, da forma como vemos cada momento que passa?

Quando alguém me diz que não tem tempo para alguma coisa, costumo dizer que o tempo é algo de formidável: cada um de nós tem exactamente 24 horas em cada dia da sua vida. Alguns têm mais dias outros menos mas, de facto, cada dia são exactamente as mesmas horas para ricos e pobres, esperto e burros, egoistas e altruistas.

Essa coisa de não ter tempo não existe. Podemos não ter dinheiro, não ter pachorra, não ter ideias, não ter energia... mas tempo, temos sempre.

O que faço do meu tempo?

Areia do deserto

13.03.09

Por acaso nunca fui ao deserto. Mas as paisagens áridas e longas confrangem-me. Gosto de árvores, arbustos, montes e montanhas, verdes e riachos, casas e casinhas, curvas da estrada, pássaros e passarinhos ...

Esta semana ficou marcada por um sem número de horas, sentada, definhando, dentro de uma sala com uma janela grande, tapada, impedindo a entrada de luz e ar, sempre iluminada por fluorescentes, oxigenada por canos e tubos que trazem o ar sei lá donde, com um écran à frente do nariz, um teclado e um chamado rato, olhando zombie para uma realidade de que afinal não preciso nem vou precisar...

Senti-me tratada como uma máquina, uma peça de uma engrenagem que não se sabe muito bem se faz falta e então é melhor deixar lá estar. Mas quem assim decidiu não está a ver bem todo o sistema. É que esta pecinha tem outras utilidades, potencialidades e propósitos para além de permitir que se cumpra um qualquer negócio, pensado como necessário e importante mas que se verificou que afinal não é nem uma coisa nem outra.

Às vezes ignoramos que podemos sair a meio do caminho e deixamo-nos adormecer no banco, embalados pelo ram-ram, só porque é mais fácil assim.

Semanas assim matam-me por dentro. Ontem, quando cheguei a casa, ia tão cansada...

Primeiro

12.03.09

Ah! É sempre interessante iniciar um novo caminho. A descoberta, a incerteza, a dúvida, o desconhecido, ... Mas a aventura é algo fantástico que me leva mais além, por isso cada caminho é tão importante.

E o curioso é que, por vezes, os caminhos surgem assim, de repente, do quase nada... de uma frase, de um comentário, ...

Este foi gerado por uma conversa, por uma partilha de links, por uma breve leitura.

A vida às vezes é muito simples. Quando tudo está alinhado.

 

Daqui deste canto, um Obrigada a quem partilhou comigo.